sábado, 23 de abril de 2011

INFANTARIA E ARTILHARIA

UNIFORME MODELO 1806/1809
PARA
OFICIAIS INFERIORES E PRAÇAS

Alguns estudiosos nacionais e estrangeiros afirmam, erradamente, que a nossa barretina foi copiada do modelo inglês. Este caso torna-se bastante curioso, porque quer uns, quer os outros desconhecem o ano em que elas foram oficialmente adoptadas e como são muito idênticas, à primeira vista, dá origem a estas confusões.

A maior parte da iconografia existente, de um e de outro lado, infelizmente mostram-nos a maioria dos militares de frente e por esse ângulo as coberturas de cabeça são muito parecidas, mas quem as vir de lado verificará facilmente que a diferença é bastante acentuada.

A nossa barretina foi introduzida, oficialmente, pelo Plano de Uniformes de 19 de Maio de 1806, contudo já no ano de 1801 existiam, a título exprimental, na Guarda Real da Polícia. A barretina de 1806 foi substituída por outro modelo, entre 1809 e 1810.

Já a barretina inglesa foi adoptada por volta de 1811 e 1812, tendo sido substituída em 1816; como se pode verificar pelas datas apresentadas, a nossa cobertura de cabeça nunca poderia ter sido inspirada no modelo inglês que é muito posterior.

BARRETINA

Colecção particular

De feltro preto (a), pala de couro envernizado (b) da mesma cor; por cima desta tem uma chapa de latão amarelo, estreita e que acompanha a pala em toda o seu comprimento, tendo a meio e em aberto o número do Regimento (c); um pouco mais acima, encontra-se outra chapa do mesmo metal e cor, em forma de elipse com as Armas de Portugal em alto-relevo, os modelos podiam variar um pouco (d); na parte posterior tem dois reforços de couro preto com botões do mesmo material (e).

Laço de lã com as cores nacionais azul-ferrete e escarlate (f); penacho (g) da cor da respectiva Arma, (branco para a Infantaria e preto para a Artilharia) podendo ser confeccionado em crina ou lã, sendo esta última a mais utilizada.

Cordões de lã azul ferrete misturada com a cor do forro da farda (h).

Colecção particular

Chapa de barretina original
Colecção particular





 


















CASACA
De pano azul ferrete, sem bandas, abotoando pelo direito por uma fila de oito botões grandes, lisos de metal amarelo.Gola e canhões das mangas, forro, virado das abas e vivos das cores particulares de cada Regimento.


Colecção particular
 Os canhões das mangas têm, cada um, dois botões pequenos de metal amarelo. O virado das abas é fixo por intermédio de um triângulo de pano da cor da farda


Colecção particular

 Por detrás e na altura dos rins tem dois botões grandes do mesmo metal e cor dos restantes; do pregado de cada botão e em direcção à borda das abas, tem uma aplicação de pano da cor do forro. As algibeiras são desenhadas no sentido horizontal, fechando  por meio de uma pestana da cor da farda e por intermédio de três botões pequenos de metal amarelo. A racha ou abertura das abas deixa ver um vivo da cor do forro.


Casaca de Infantaria n.º 18.  Colecção particular

 












"DRAGONAS"

Dragona de pano
Colecção particular

As "dragonas" são de pano da cor da farda, avivadas com um debrum da cor do forro, na parte inferior é cozida ao pregado da manga e na parte superior tem uma casa, onde entra um botão pequeno igual aos outros.








PESCOCINHO
De couro preto para praças e de belbute da mesma cor para oficiais inferiores, sendo reforçado interiormente com papelão


CAMISA E COLETE
De linho branco cru


Colecção particular

Colecção particular
















CALÇA DE INVERNO

Colecção particular

De pano azul ferrete













PANTALONA DE VERÃO

Colecção particular

De pala confeccionada em linho branco, fechando em baixo por intermédio de cinco botões de unha.






 




POLAINAS

Colecção particular

De pano preto, fechando por meio de oito botões de unha da mesma cor












SAPATOS

Colecção particular

De cordovão preto, untados e fechando por intermédio de cordões. Solas tacheadas.









BARRETE DE POLICIA
(ou de serviço interno)

Colecção particular

De serafina azul ferrete com borla e vivos da cor do forro da farda











CALÇA DE POLICIA
(ou de serviço interno)

Uniforme de policia
Aguarela do mestre Carlos Alberto Santos
Por especial autorização
Colecção particular

De pano branco ou alvadio








Nota:
A calça de inverno e o barrete de policia foram pintados num azul mais claro afim de se poder ver melhor os pormenores




















Praça de Infantaria n.º 6
Uniforme de Inverno
Gravura da época
Colecção particular

Praça de Infantaria n.º 6
Uniforme de Inverno
Gravura da época
Colecção particular






























Texto e ilustrações:marr






quarta-feira, 6 de abril de 2011

ENGENHEIROS

Rosto da Carta de Lei
de 2 de Janeiro de 1792
Colecção particular
Rosto dos Estatutos
de 2 de Janeiro de 1792
Colecção particular
Até ao ano de 1812 em que foi criado o primeiro Corpo de Tropas privativo da Engenharia, os oficiais engenheiros não tinham uma situação muito bem definida, assim pela Carta de 2 de Janeiro de 1790 foi estabelecida uma Academia Real de Fortificação e Desenho, sendo publicados os respectivos estatutos, tendo sido suprimida a antiga Aula de Engenharia, onde na Carta se determina que para o efeito se "reserva ao meu Real Arbítrio a sua ampliação, para a altura em que se publicar o Regulamento Geral do Corpo de Engenheiros"; passando a denominar-se no ano de 1792, segundo Cristóvão de Aires, por Real Corpo de Engenheiros.

Por vezes gera-se uma certa confusão no que diz respeito aos uniformes dos componentes do Real Corpo de Engenheiros, do Batalhão de Artífices Engenheiros e das Companhias de Artífices do Arsenal, sendo estes últimos originários da Arma de Artilharia.




REAL CORPO DE ENGENHEIROS
Rosto do Decreto de
12 de Fevereiro de 1812
Colecção particular
Pelo Decreto de 12 de Fevereiro de 1812 foi reorganizado este Corpo, ficando determinado que seria composto dali para a frente por um Estado-Maior e um determinado número de oficiais efectivos de diferentes classes:

ESTADO-MAIOR:
- 1 oficial General Comandante do Corpo
- 2 oficiais com exercício de Ajudantes
- 1 Secretário com a graduação
   de Primeiro-Tenente

OFICIAIS EFECTIVOS:
- 2 Brigadeiros
- 4 Coronéis
- 4 Tenentes-Coronéis
- 8 Majores
- 12 Capitães
- 12 Primeiros-Tenentes
- 24 Segundos-Tenentes


Reprodução de uma aguarela de Carlos Ribeiro
In: "Revista Defesa Nacional"
Colecção particular
 FUNÇÕES:
Entre diversas funções que os oficiais engenheiros executavam podem-se destacar algumas como: direcção de todos os trabalhos relativos à fortificação permanente e de campanha, ao ataque e defesa das praças, postos destacados ou entrincheiramentos; construção e reedificação de edifícios militares; estabelecimento e conservação de pontes militares, reconhecimento de fronteiras, levantamento de plantas, cartas geográficas e topográficas e configuração de terrenos; projectos, planos e memórias militares; construção ou reparação de obras de fortificação e de pontes militares fixas; construção e direcção de estradas, pontes, aberturas de barras, canais, etc., além de diversos trabalhos de gabinete.


UNIFORME
Os uniformes dos componentes deste Corpo mantiveram-se praticamente sem alterações durante todo o período da Guerra Peninsular.

BICÓRNEO
De feltro preto, guarnecido por um galão de seda(1), laço Nacional azul ferrete e escarlate, tendo sobreposto uma presilha de fio dourado preso por um botão do respectivo padrão. O bicórneo é rematado, em cada uma das pontas, por uma borla de retrós mesclada de azul ferrete, branco e ouro; pluma preta na base e branco no tope.

Colecção particular
(1)  O Plano de Uniformes não menciona a cor do galão. Contudo vê-se nas fontes iconográficas, não contemporâneas, o galão preto ou dourado, sendo esta última cor a mais provável, em virtude de mais tarde ter sido suprimido.

CASACA
Botão do padrão original
Colecção particular

Colecção particular

Comprida de pano azul ferrete, sem bandas, fechando na parte da frente por intermédio de uma fila de oito botões dourados do respectivo padrão. Gola e canhões das mangas de veludo preto guarnecidos em toda a volta por um galão dourado, vivos e forro branco. As abas têm dois vivos brancos que partem, na vertical, desde a altura dos rins até atingirem o virado; cada vivo tem dois botões do respectivo padrão, sendo os bolsos desenhados por um vivo branco no sentido do comprimento, cada algibeira fecha por intermédio de três botões. Os virados das abas, ou vistas, são da cor do forro, sendo fixos por triângulos de pano azul ferrete.



Pormenor do galão da gola e dos canhões das mangas
Colecção particular

COLETE, GRAVATA, PANTALONAS, CALÇÕES,
BANDA E BOTAS
Como os oficiais do Estado-Maior

ARMAMENTO

SABRE
Liso com bainha de metal amarelo


Colecção particular

 
FIADOR
De cordão de tecido de lã escarlate e ouro, borla de retrós azul ferrete e prata
Colecção particular


Chapa do fecho do boldrié
Colecção particular
 BOLDRIÉ
De couro branco, assim como os francaletes para suspensão do sabre, chapa do fecho de metal amarelo com as Armas em alto-relevo de prata, ferragens do mesmo metal e cor.





Oficial de Engenheiros
Reprodução de aguarelas do Coronel Ribeiro Arthur
Colecção de postais ilustrados ed. Jornal do Exército
Textos e ilustrações de: marr
   

sábado, 2 de abril de 2011

GOVERNADORES E ESTADO-MAIOR DAS PRAÇAS

UNIFORME
DOS GOVERNADORES
E
 ESTADO-MAIOR DAS PRAÇAS
(Não sendo oficiais Generais ou Brigadeiros)


CHAPÉU ARMADO
(bicórneo) 
De feltro preto, liso, acairelado por um galão dourado, laço Nacional azul ferrete  e escarlate, tendo por cima uma presilha de fio dourado com o botão do respectivo padrão. Em cada uma das pontas do bicórneo, pende uma borla de retrós azul ferrete, escarlate e ouro. Penacho de plumas pretas na base e amarelas no topo.


Colecção particular




















Galão dourado. Colecção particular










CASACA

Botão do padrão original
Colecção particular

Comprida de pano azul ferrete, com bandas da mesma cor, fechando na parte da frente por uma série de oito colchetes; o peito é atravessado por oito alamares de fio dourado, terminando em cada um dos lados, por um botão do respectivo padrão. Gola e canhões das mangas de veludo preto, vivos e forro vermelho. As abas, da casaca, não têm sobreposto nas pregas e os bolsos são colocados no sentido da largura, tendo cada um, três botões do padrão, sendo a respectiva pestana das algibeiras avivadas a encarnado; por alturas dos rins tem dois botões grandes igualmente do padrão. Virado das abas, ou vistas,  da cor do forro.



Colecção particular


FLORETE

Florete m/1806
Original
Colecção particular

Modelo de 1806,com punho de prata, guarda-mão dourado, folha direita de dois gumes, com vinte e oito polegadas de lâmina (cerca de 24,5cm)





FIADOR

Colecção particular

Com liga de cordão, tecido de lã escarlate e ouro, terminando numa borla de retrós azul ferrete e prata










BOLDRIÉ
De couro branco, assim como a pala para a suspensão do florete, chapa e ferragens de metal dourado

Texto e ilustrações de: marr

DISTINTIVOS ESPECIAIS

OFICIAIS DA SECRETARIA DO SUPREMO CONSELHO DE GUERRA E SECRETÁRIOS DOS GOVERNOS DAS PROVÍNCIAS E INSPECÇÕES

Utilizavam o uniforme do Estado-Maior e os respectivos distintivos (alamares, botões do padrão e penacho encarnado e branco), tendo pregado na folha dianteira da manga esquerda, entre e o cotovelo, duas casa bordadas a ouro, formando um ângulo em forma de "V", tendo no vértice colocado um botão do respectivo padrão.




SECRETÁRIO DO SUPREMO CONSELHO DE GUERRA

O oficial que executava estas funções envergava o uniforme que lhe competia e utilizava as dragonas da sua patente, ou seja, não utilizava os distintivos nem a farda do Estado-Maior.

Como distintivo da sua função pregavam-se nas folhas dianteiras das duas mangas as mesmas casas acima indicadas, sendo o botão do mesmo padrão dos outros que utilizava na sua respectiva farda. 

Texto e ilustração de : marr