PRAÇAS E OFICIAIS INFERIORES
ARMAMENTO
No respeitante ao rearmamento das nossas forças, foi-se reunindo, a pouco e pouco, o velho material espalhado pelos vários arsenais e localidades do país, que ali se tinham deixado ao abandono, quando Junot dissolveu os nossos regimentos. Receberam-se igualmente muitas espingardas e pólvora de Espanha e da Inglaterra, concertaram-se as armas velhas e outras que o inimigo havia inutilizado, na sua retirada, de modo a que pudessem ainda servir. Assim de início, se armou mal o exército e o povo.
ESPINGARDA DE FECHO DE SÍLEX
Como toda a infantaria europeia, os nossos militares estavam armados com espingardas de fechos de sílex de carregamento pela boca; o cão, que era a peça da fecharia que sustinha nos dentes uma pedra de sílex, que quando desarmada e ao bater violentamente no fusil produzia chispas, que provocava a inflamação da pólvora na caçoleta. Era defeituoso tal modelo e apresentava na prática grandes inconvenientes; contudo este tipo de fechos constituiu um dos grandes aperfeiçoamentos por que passou a arma de fogo, uma vez que permitia com um só movimento e na ocasião do tiro fazer inflamar a escorva.
Espingarda portuguesa Colecção particular |
O seu manejo e funcionamento era extremamente moroso e só com uma grande experiência, que raramente era atingida, se conseguia dar dois tiros num minuto, aliando-se ainda como inconveniente primordial nem sempre funcionar. As falhas no fogo eram imensas, principalmente quando chovia ou estava uma atmosfera húmida, porque em se molhando a pólvora da escorva a arma não abria fogo.
Cada espingarda tinha como pertences o seguinte:
- Uma vareta de ferro que servia para o carregamento da arma. Era com a vareta que se comprimia a pólvora dentro da câmara, e que depois servia para aconchegar a carga explosiva ao projéctil, para assim permitir um tiro eficiente para atacar a munição.
- Um saca-trapo que era um instrumento em espiral, de ferro que se adaptava à vareta da espingarda e que servia para extrair da alma da arma as buchas e outros resíduos provenientes da deflagração da pólvora. Empregava-se igualmente para a limpeza das almas das espingardas, com algodão embebido em aguardente, esfregando o interior do cano até este ficar completamente limpo e seco.
- Uma andadeira (chave) de parafusos que, conforme o nome nos indica, servia para apertar os fechos e outras peças da espingarda.
-Uma agulha em forma de verruma para limpeza do ouvido, quando a pólvora se molhava ou estava junto à caçoleta.
Pela Ordem do Dia de 24 de Abril de 1809, foi estipulado que cada soldado deveria ter três pedreneiras já incluindo a da espingarda; cada praça teria, igualmente, oitenta cartuchos e deste traziam consigo na patrona os que coubessem e os restantes ficavam na reserva e acompanhavam sempre as Unidades, devendo ir "muito bem acondicionados em caixotes e transportados por bestas"
A NEW LAND PATTERN
Foi esta espingarda fornecida em grandes quantidades ao exército português. Este era o mosquete regulamentar inglês de meados do século XVIII e chamava-se "Long Land Musket" devido ao facto do seu comprimento, cerca de 1,60m, foi este modelo também fornecido ao nosso exército por altura das Campanhas de 1762.
Colecção particular |
Colecção particular |
Fechos da Brown Bess Colecção particular |
Colecção particular |
O cano era de alma lisa, tinha um calibre de 20mm, Andarme:10 e um comprimento total de 1,383m e o cano 983cm . O peso total de 4,200 quilos
BAIONETA
À espingarda adaptava-se uma baioneta para servir como arma branca, sendo muito importante o seu emprego no combate. A lâmina era, em geral, de secção triangular com goteiras nas faces, terminando por uma ponta de estoque. Posteriormente, um cotovelo ligado a um tubo (alvado) que servia de punho e para se ligar ao cano da espingarda, havendo nesse tubo um mecanismo de encaixe para permitir uma sólida e segura união.
Colecção particular |
Deveria ter a baioneta os seguintes requisitos:
-Ter comprimento suficiente para dar à espingarda a vantagem de ser uma arma de haste;
- Ter uma lâmina recta para poder ser utilizada como arma de ponta;
- Ser rígida para não dobrar e flexível para não saltar;
Colecção particular |
Arma branca, de punho com lâmina de folha larga, recta ou curva. A bainha era de couro preto tendo o bocal e a ponteira de latão amarelo. Este era colocado numa pala dupla, onde entrava o terçado e a baioneta.
No Plano de Uniformes de 1806 a utilização do terçado não estava muito bem definida embora se mencionem os 1.º e 2.º Sargentos, Tambor-Mor, Furriel, Cabo e o Anspeçada. Contudo sabe-se que também eram utilizados pelos: Tambor, Pífano, Músicos e por todos os componentes das Companhias de Granadeiros, da Companhia de Caçadores e pelos Porta-Machados, além de outros que nos é dado a ver nas respectivas fontes iconográficas.
Havia diversos modelos de terçados: o português e os de outras origens nomeadamente ingleses.
FIADORES
PARA TERÇADO
MODELO PORTUGUÊS
OUTROS MODELOS
As legendas são iguais às dos terçados portugueses.
ESPONTÃO
Colecção particular |
Colecção particular |
Esta arma/insígnia foi utilizado durante o século XVII e XVIII, como símbolo e insígnia do posto de Alferes, contudo a partir da época em estudo deixou de ser utilizada por esses oficiais e passou a ser utilizada "simbolicamente" pelos Sargentos em substituição da Alabarda e mesmo assim caiu totalmente em desuso.
ALABARDA
Colecção particular |
Esta arma/insígnia foi o símbolo por excelência do posto de sargento, tendo deixada de ser utilizada por razões práticas, no fim do século XVIII, contudo foram distribuídos espontões para os substituir, mas durante o período em causa raramente eram utilizados
MACHADO
Esta arma/utensílio era de uso exclusivos dos porta-machados ou gastadores, que eram elementos da Companhia de Granadeiros.
Colecção particular |
De cabo bastante comprido em madeira, destinado a ser manejado com as duas mãos; de lâmina larga e curva, era utilizado para desbastar o matagal, cortar alguns obstáculos que pudessem entravar o movimento das tropas no terreno, derrubar portas, etc. Existiam diversos modelos de ferros, embora bastante aproximados no seu feitio
Colecção particular |
Texto e ilustrações: marr
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