Napoleão Bonaparte, desprezando os tratados de 1801 e 1804 sobre a neutralidade entre Portugal e a França, fez a 27 de Outubro de 1807, em Fontainebleau, uma convenção secreta com Carlos IV de Espanha, para conquistarem Portugal, dividindo-o em três partes:
a província de Entre Douro e Minho constituiria o reino da Lusitânia Setentorial, com o Porto por capital, caberia ao rei da Etrúria, recentemente desapossado do seu reino por Napoleão; o Alentejo e o Algarve formariam o principado dos Algarves, que seria entregue ao Príncipe da Paz; as restantes províncias ficariam em poder da França até à paz geral, decidindo-se então o seu destino.
A PRIMEIRA INVASÃO Quadro do mestre Carlos Alberto Santos Por especial autorização para este blogue Colecção particular |
JUNOT Estampa impressa em Paris em 1813 Colecção particular |
A organização do Exército de 19 de Maio de 1806, ampliada pelo Decreto de fins de Outubro do ano seguinte, não chegou a ter execução prática senão em 1808, em virtude de a 30 de Novembro de 1807, Junot à testa de quarenta e cinco mil homens, de tropas francesas e espanholas, terem invadido Portugal, sem declaração de guerra, com a desculpa de nos quererem livrar da "influência maligna da Inglaterra"; assim a 17 de Novembro, Junot dirigiu a primeira proclamação aos portugueses, declarando que invadira o nosso País com o único fim de combater os ingleses.
Entraram as suas desfalcadas e dispersas tropas em Lisboa, sem a menor resistência, tendo no dia anterior embarcado a família Real para o Brasil, podendo os franceses ainda observar as embarcações na barra de Lisboa, que partiam rumo às terras de Santa Cruz, não os podendo assim aprisionar em nome de Napoleão, nem promover a conquista de Portugal, na medida em que a rainha D. Maria I e o Príncipe regente, D. João, não tinham abandonado o país, mas sim retiraram-se estrategicamente para o Brasil. Por consequência continuavam em solo pátrio, esta notícia apanhou Junot no Cartaxo, às duas horas da madrugada do dia 29, dando origem a um imenso ataque de cólera ao general que vira assim gorados os seus planos de aprisionar, em nome do seu Imperador, a família Real e acabar de uma vez por todas com a Dinastia de Bragança.
CHEGADA DAS TROPAS FRANCESAS Aguarela de Roque Gameiro |
Chegado a Sacavém e já um pouco mais calmo, Junot faz nova proclamação tentando jogar uma vez mais com a incredulidade dos portugueses, afirmando que "vinha como amigo para proteger e defender os portugueses contra o predomínio e opressão da Inglaterra!".
BATALHA DA ROLIÇA Gravura do século XIX. Colecção particular Observação: os militares ingleses ostentam erradamente as barretinas adoptadas em 1811/12 |
SIR ARTHUR WELLESLEY Gravura portuguesa de 1810. Colecção particular. Observação: gravura posteriormente aguarelada erradamente, note a bandeira azul e branca, |
Em 11 de Junho de 1808 começou, na cidade de Bragança, o movimento da Restauração, seguindo-se Olhão no Algarve e a cidade do Porto.
Pouco mais tarde desembarcaram as tropas inglesas que, unidas às poucas portuguesas que ainda existiam, formaram o Exército Anglo-Luso, que foi comandado por Sir Arthur Wellesley (futuro Duque de Wellington).
Assim a 17 e 21 de Agosto venceram as Batalhas de Roliça e Vimeiro, dando-se inicio às Campanhas da Guerra Peninsular e ao Exército Anglo-Luso, que se viria a encher de gloria durante todas as Campanhas da Península, até além Pirenéus.
Texto: marr
BATALHA DO VIMEIRO Gravura inglesa impressa em 1815. Colecção particular |
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