Charanga a cavalo da G.N.R. |
O cavalo sempre foi uma das grandes paixões dos portugueses, sendo raro o cidadão que não gosta desses animais. E por alguma razão, durante qualquer parada, todos aguardam com ansiedade a passagem a galope dos esquadrões da Cavalaria da Guarda Nacional Republicana... isto sem falar dos animais de Alta Escola, o desfile de cavalos tirando os mais diversos modelos de carruagens na já famosa feira da Golegã. Quem poderá ficar alheio ao passar dos campinos em Vila Franca de Xira ou a uma manada com os seus saltitantes poldros em alegre correria pelas lezírias Ribatejanas? Até as pessoas que não gostam de touradas apreciam ver as cortesias nas corridas à Antiga Portuguesa...
E quem poderá ficar indiferente à lenda sobre a origem do cavalo Lusitano? Conta-nos a história que Lisboa teve um lugar sagrado, um "monte santo", onde se criavam éguas fecundadas pelo vento... pelo menos uma coisa se nos afigura como verdadeiro, o local que ainda existe: Monsanto...!
A fertilização das éguas pelo vento remonta ao mito da fundação de Lisboa por Ulisses, contudo esta afirmação indica-nos a existência de uma criação de cavalos "muito velozes, superiores aos normais", a que se poderiam chamar "filhos do vento". Estará esta lenda ligada à origem dos cavalos Lusitanos? Talvez, não se sabe...
A história do homem, nas suas grandezas e misérias, sempre foi partilhada com este animal, pelo menos até meados do século XX, terminando assim uma amizade homem/animal, substituída pela ligação homem/máquina.
Hoje, a sua sobrevivência depende em primeiro lugar de nós e espero que este companheirismo não seja esquecido pelos humanos em abono das máquinas frias e poluidoras...
A nossa Cavalaria sempre foi ligeira, isto é, homens vestidos e armados "à ligeira", sendo a sua base os Dragões. Após a Guerra Peninsular passou a haver no nosso Exército duas espécies de Cavalaria: Caçadores a Cavalo e Lanceiros. Em parte, esta opção foi devida a várias causas, sendo algumas delas as seguintes:
- Cavalos pouco robustos, mas muito ágeis.
- Terrenos muito acidentado, uma vez que a cavalaria pesada
necessitava de bastante terreno livre para carregar, o que no
nosso País tal só poderia acontecer nas planícies alentejanas.
nosso País tal só poderia acontecer nas planícies alentejanas.
- O armamento, ofensivo e defensivo era mais aligeirado, o que
permitia uma melhor mobilidade no terreno, e como o clima
tem muitas oscilações térmicas (muito quente no Verão, frio
e chuvoso no Inverno, além da haver dias quentes e noites frias),
era necessário grande ligeireza.
Os Dragões sempre foram considerados "infantaria montada", quer isto dizer que tanto combatiam montados como apeados, embora durante o século XVII o termo "Dragão" significasse o hábito de desmontar para combater. Quer-se com isto dizer que as Companhias de Dragões eram consideradas: "como infantaria de mosqueteiros a cavalo, sendo providas de bandeiras, um pouco mais pequenas que as da infantaria. Marcham ao som de tambores ou atabales, o que é mais apropriado para o género de movimentação e manobras que executam; uma vez que tanto podem combater a pé como montados".
Este estado de coisas começou a cair em desuso a partir do inicio do século XVIII tendo desaparecido totalmente no seguinte, ficando apenas o termo "Cavalaria".
Este estado de coisas começou a cair em desuso a partir do inicio do século XVIII tendo desaparecido totalmente no seguinte, ficando apenas o termo "Cavalaria".
Com algumas excepções continuou-se a utilizar a palavra "Dragão" apenas como tradição, tendo como exemplo o Regimento de Cavalaria N.º 3 que era , e ainda é, conhecido pelos "Dragões de Olivença". E o renascer em Angola dos "Dragões de Silva Porto", durante a última Guerra do Ultramar, foi precisamente no ano de 1967, no Leste de Angola, que foi criado no Grupo de Cavalaria N.º 1 (Dragões de Silva Porto) um pelotão montado, que obteve bastante êxito, tendo dado inicio à sua actividade operacional sensivelmente em 1970.
A utilização destes militares montados teve várias vantagens principalmente no que dizia respeito à sua mobilidade 50/80 quilómetros por dia. As suas frentes alargadas evitavam as emboscadas; eram silenciosos, chegavam a locais de difícil acesso a pé e evitavam as minas porque não se deslocavam pelas picadas. A título de curiosidade, estes cavalos não eram ferrados.
Grupo de Cavalaria N.º 1 "Dragões de Silva Porto", c.1971 |
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