UNIFORME MODELO 1806/1809
PARA
OFICIAIS INFERIORES E PRAÇAS
Alguns estudiosos nacionais e estrangeiros afirmam, erradamente, que a nossa barretina foi copiada do modelo inglês. Este caso torna-se bastante curioso, porque quer uns, quer os outros desconhecem o ano em que elas foram oficialmente adoptadas e como são muito idênticas, à primeira vista, dá origem a estas confusões.
A maior parte da iconografia existente, de um e de outro lado, infelizmente mostram-nos a maioria dos militares de frente e por esse ângulo as coberturas de cabeça são muito parecidas, mas quem as vir de lado verificará facilmente que a diferença é bastante acentuada.
A nossa barretina foi introduzida, oficialmente, pelo Plano de Uniformes de 19 de Maio de 1806, contudo já no ano de 1801 existiam, a título exprimental, na Guarda Real da Polícia. A barretina de 1806 foi substituída por outro modelo, entre 1809 e 1810.
Já a barretina inglesa foi adoptada por volta de 1811 e 1812, tendo sido substituída em 1816; como se pode verificar pelas datas apresentadas, a nossa cobertura de cabeça nunca poderia ter sido inspirada no modelo inglês que é muito posterior.
BARRETINA
De feltro preto (a), pala de couro envernizado (b) da mesma cor; por cima desta tem uma chapa de latão amarelo, estreita e que acompanha a pala em toda o seu comprimento, tendo a meio e em aberto o número do Regimento (c); um pouco mais acima, encontra-se outra chapa do mesmo metal e cor, em forma de elipse com as Armas de Portugal em alto-relevo, os modelos podiam variar um pouco (d); na parte posterior tem dois reforços de couro preto com botões do mesmo material (e).
Laço de lã com as cores nacionais azul-ferrete e escarlate (f); penacho (g) da cor da respectiva Arma, (branco para a Infantaria e preto para a Artilharia) podendo ser confeccionado em crina ou lã, sendo esta última a mais utilizada.
Cordões de lã azul ferrete misturada com a cor do forro da farda (h).
Colecção particular |
Chapa de barretina original Colecção particular |
CASACA
De pano azul ferrete, sem bandas, abotoando pelo direito por uma fila de oito botões grandes, lisos de metal amarelo.Gola e canhões das mangas, forro, virado das abas e vivos das cores particulares de cada Regimento.
Colecção particular |
Colecção particular |
Por detrás e na altura dos rins tem dois botões grandes do mesmo metal e cor dos restantes; do pregado de cada botão e em direcção à borda das abas, tem uma aplicação de pano da cor do forro. As algibeiras são desenhadas no sentido horizontal, fechando por meio de uma pestana da cor da farda e por intermédio de três botões pequenos de metal amarelo. A racha ou abertura das abas deixa ver um vivo da cor do forro.
"DRAGONAS"
Dragona de pano Colecção particular |
As "dragonas" são de pano da cor da farda, avivadas com um debrum da cor do forro, na parte inferior é cozida ao pregado da manga e na parte superior tem uma casa, onde entra um botão pequeno igual aos outros.
PESCOCINHO
De couro preto para praças e de belbute da mesma cor para oficiais inferiores, sendo reforçado interiormente com papelão
CAMISA E COLETE
De linho branco cru
CALÇA DE INVERNO
Colecção particular |
De pano azul ferrete
PANTALONA DE VERÃO
Colecção particular |
De pala confeccionada em linho branco, fechando em baixo por intermédio de cinco botões de unha.
POLAINAS
SAPATOS
Colecção particular |
De cordovão preto, untados e fechando por intermédio de cordões. Solas tacheadas.
BARRETE DE POLICIA
(ou de serviço interno)
CALÇA DE POLICIA
(ou de serviço interno)
Nota:
A calça de inverno e o barrete de policia foram pintados num azul mais claro afim de se poder ver melhor os pormenores
Texto e ilustrações:marr
Uniforme de policia Aguarela do mestre Carlos Alberto Santos Por especial autorização Colecção particular |
De pano branco ou alvadio
Nota:
A calça de inverno e o barrete de policia foram pintados num azul mais claro afim de se poder ver melhor os pormenores
Praça de Infantaria n.º 6 Uniforme de Inverno Gravura da época Colecção particular |
Praça de Infantaria n.º 6 Uniforme de Inverno Gravura da época Colecção particular |
Texto e ilustrações:marr
Caro Manuel Ribeiro Rodrigues, gostaria se saber se, no que diz respeito à cobertura de cabeça usada pelas Milícias, o chapéu constante no plano de uniformes de 1806 foi efectivamente usado ou se, ao invés, foi usado o "stove pipe" ou qualquer outra cobertura de cabeça?
ResponderEliminarJá agora, numa gravura do livro "Sketches of Portuguese life, manners, costume, and character" (http://books.google.pt/books?id=9m0NAAAAYAAJ&printsec=frontcover&hl=pt-PT&source=gbs_v2_summary_r&redir_esc=y#v=onepage&q&f=false), publicado em 1826, há uma ilustração (p. 254) da execução de um desertor onde se apresentam tropas de milícias de Alcácer do Sal a fazer guarnição em Elvas com o "stove pipe" e uma casaca com galões no peito e uns "chouriços" nos ombros, o que me parece curioso...